sábado, 19 de julho de 2014

Crítica de filme: Preciosa, uma história de esperança

Oi pessoal, desculpa a sumida. Minha vida tá uma correria só.
Mas não consigo ficar longe, e hoje trouxe a crítica de um filme maravilhoso.
Espero que gostem :*

Preciosa - Uma história de esperança


O bullying tão discutido atualmente, existe há muito tempo, e o diretor Lee Daniels soube abordar o assunto de uma maneira sensível e emocionante, assim como outros assuntos bem mais espinhosos abordados ao longo do filme.
Baseado no livro "Pusch", o filme conta a história de Claireece Preciosa Jones, ou Preciosa, como prefere.
Ambientado no Harlem, em Nova York, em 1987, um ambiente hostil, principalmente para uma adolescente negra, obesa e mãe adolescente, além dos diversos problemas familiares que a personagem enfrenta como uma família desestruturada, violência física, sexual e psicológica praticados por seus pais.
O modo encontrado por Preciosa para fugir deste ambiente hostil, é sua imaginação, onde é feliz e amada, em uma das cenas ela imagina que seu professor a ama e vão morar juntos, algo bem distante da realidade, uma vez que na escola, Preciosa é ignorada por seus colegas e professores, quando se lembram dela, é para hostilizarem-na, por medo desta violência, passa as aulas isolada no fundo da classe, não saindo nem mesmo para utilizar o banheiro. Por conta do descaso da escola, Preciosa é uma analfabeta funcional, e sobre para conseguir emprego ao longo do filme. 
O ambiente da casa de Preciosa é bem pior que na escola, ao decorrer do filme percebemos que Preciosa sofre abusos sexuais do pai desde os 3 anos de idade, seus dois filhos são frutos deste abuso, contudo o que me chocou, foi que a figura da mãe consegue ser pior que a do pai, mesmo ele praticando esta atitude terrível, é quase oculto, tamanha maldade da mãe para com a filha.
A mãe de Preciosa, (conseguiu ser mais odiada por mim que a Mamãe Elena de Como Água Para Chocolate) é visivelmente desequilibrada, que vive de forma parasitária dos benefícios que o Estado para a Preciosa e sua primeira filha, portadora de síndrome de Down, apelidada de "Mongol" durante o filme, sim mais uma vez o diretor soube mostrar o preconceito de forma sutil no filme.
A mãe é uma figura sádica, que detém um ódio da filha, por esta ser abusada pelo pai, vendo-a como concorrente no "amor" do marido, surreal, mas este tipo de pensamento, infelizmente ocorre com diversas vítimas de abuso, ao invés de encontrarem apoio em suas mães, encontram este tipo de situação.
Quando Preciosa apresenta sintomas de HIV, a mãe dá um show de desequilíbrio e falta de informação ao acreditar que só se contamina com sexo anal, e passa a torturar mais ainda a filha por isso.
A única amável com Preciosa é a avó, que cuida da neta, mas ela é uma figura fraca, e não consegue estender este cuidado a Preciosa, nem defendê-la de seus pais (Oi? Não consigo chamá-los assim).
O único meio de fuga a qual a personagem possui é sua imaginação, interessante ressaltar que as cenas em sua casa são escuras, sombrias, como sua realidade, já em sua imaginação, são iluminadas e alegres.
Ao longo do filme me perguntava: será que ela sofrerá o tempo todo? 
Mas ao engravidar pela segunda vez, e ser expulsa de sua escola anterior, Preciosa é enviada para uma escola para adolescentes com problemas sociais, e conhece Mrs. Rain, professora e assistente social, que lhe oferece uma educação verdadeira e um relacionamento mais próximo, é justamente essa amizade que leva Preciosa a tomar um novo rumo em sua vida.
Vemos a dificuldade de Preciosa em encontrar emprego, com dois filhos pequenos, AIDS e todos os problemas enfrentados por ela, mas com o apoio de Mrs. Rain, ela não desiste.
Não contarei o final por motivos óbvios.

Conclusão:
Preciosa é um filme triste, doloroso de assistir, o como eu costumo dizer, um tapa na cara da sociedade, pois denuncia diversos problemas enfrentados atualmente, como o preconceito enraizado, não só na cultura americana, como na ocidental, contra o negro, o pobre, o obeso, o homossexual, o soropositivo. 
Mas principalmente, o tapa é mais doloroso ao denunciar o horror vivido por muitas crianças e adolescentes, dentro do ambiente familiar, algo que infelizmente na maioria das vezes não é denunciado, Preciosa sofre diversas violências, num local onde deveria receber amor, carinho, compreensão. 
A obra é ficção, mas retrata uma realidade cruel e chocante, vemos que a proteção do Estado muitas vezes é incapaz de abranger a todos, a violação dos direitos mais básicos das crianças e adolescentes, (assegurados no Brasil pelo ECA e pelo 227 da CF) sendo muitas vezes submetidos a exploração, violência, crueldade.
O filme é chocante, pois nos revela de maneira objetiva e direta, horrores muitas vezes escondidos em casas disfarçadas de lares.

Para os que se interessarem, segue link do filme, preparem os lencinhos, pois quase desidratei com este filme.

http://megafilmeshd.net/preciosa/



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