O estopim do movimento foram os R$ 0,20 do aumento da passagem, que despertaram uma indignação guardada há muitos anos no peito da população...
Claro que eu tomei parte das manifestações, e isso está me tomando um tempo danado, mas tive o apoio do meu amigo Ramon Soares que escreveu um texto sobre as manifestações em BH.
“Um
dois três, quatro cinco
mil, ou para a roubalheira, ou
paramos o Brasil!”
mil, ou para a roubalheira, ou
paramos o Brasil!”
Treze
horas. A multidão na Praça Sete de Setembro beirava – acredito – uns três mil.
Em pouco tempo a massa cresceu, os cantos variados eram as vozes entaladas de
muitos anos de corrupção. Em meio a esses cantos surgiu o hino tocando a todos
com sua beleza, beleza que aqui se ressaltava, pois não vinha de uma partida de
futebol, mas sim de um povo fazendo história. Para tornar ainda mais belo, uma
chuva inesperada tomou a tarde. De alegria, choravam os prédios papéis
picados. Andares comerciais atiravam
bobinas de caixas como serpentinas gigantes, e os andares domésticos balançavam
das janelas lençóis brancos.
Nunca
havia sentido em meu peito tamanha emoção. Senti-me uno com uma multidão que só
tinha um propósito: Lutar por suas crenças. No início alguns baderneiros
soltaram bombas, mas os manifestantes os identificaram e graças a ação rápida
da PMMG eles foram presos. A passeata seguiu. Vários andavam escoltados pela
bandeira nacional, amarrada em suas costas, que sorria em seu semi-aro alvo
para quem vinha atrás. Os cantos continuaram, chamando os outros para rua,
pedindo por direitos, reclamando das irregularidades dos corruptos, até que
algo me chamou atenção. Um morador de rua sentou-se em frente um carro com um
cartaz, ele
também estava protestando por respeito e direitos.
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também estava protestando por respeito e direitos.
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¹ Ramon
Soares Ribeiro – Estudante de Letras da UFMG, 5º período.
Ele,
que é mais um dos vários ignorados pelo sistema, estava lutando por melhorias.
Quando
a passeata fechou o transito, além das pessoas nos prédios, nos veículos também
se via comoção. Os “buzinaços” acompanharam todo o trajeto. De dentro dos
ônibus senhoras acenavam e cantavam conosco e em prédios governamentais via-se
das janelas tímidos engravatados batucando discretamente com as mãos o ritmo
das canções. A passeata foi da Pra Sete de Setembro à Praça da Assembléia e
retornou ao ponto inicial. Não nego minha
incapacidade de mensurar a dimensão da multidão, contudo não via nem o começo
nem o fim, só uma densa massa de pessoas cobrindo os dois horizontes.
Moradores
de rua, idosos, policias, professores da UFMG e PUC (haviam mais instituições,
mas só estou contando com os professores que conheço), motoristas, moradores,
etc. Cada “parte” da sociedade teve seus representantes, todos unidos em uma só
voz.
Depois
de 29 anos sem eleições diretas o Brasil foi às ruas pela “Diretas já!”, hoje,
21 anos depois da instituição da democracia o Brasil vai novamente às ruas para
lutar contra a corrupção. Muitos dizem “o movimento não tem causa, eles s-ó se
reúnem e badernam” Não! Os gritos podem ser variados, os cartazes são diversos,
as reivindicações são muitas, mas tudo só se resume a uma causa: consertar
nosso Brasil, essa é a causa.
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